No âmbito do Dia Mundial da Poesia, que se assinala neste 21 de Março, é hoje lançada uma obra póstuma de Carlos Carranca, intitulada “Poemas Absurdos & A Palavra e o Mundo”, com edição de “Talentilicious” e distribuição da Minerva Coimbra.
Carlos Carranca foi um dos mais activos militantes de Coimbra, das suas tradições, da Académica, da sua música, da sua poesia.
Ele próprio um poeta de grande sensibilidade e um genial declamador, foi prematuramente levado por uma doença oncológica, contra a qual lutou com grande coragem (faleceu em Agosto de 2019, com 61 anos).
O volume hoje lançado engloba dois livros de poesia, com posfácio de Eugénio Lisboa e Isabelina de Sousa Ferreira.
Refere a editora:
“Os dois livros de poesia que compreendem este volume foram escritos por Carlos Carranca nos seus últimos meses de vida. Durante a sua luta contra o nada em camas de hospital, o poeta usou as suas últimas forças para escrever estes textos no seu caderno, usou os seus últimos tragos de ar para os ditar, sílaba a sílaba, à sua família, sabendo ou não que já estaria livre dos afazeres do mundo quando chegasse a hora de o éter da poesia se condensar no objecto físico deste livro.
“Poemas Absurdos & A Palavra e o Mundo” chega-nos de um lugar entre a vida e a morte, entre a presença e a ausência. É o gesto derradeiro de uma figura emblemática da cultura portuguesa que, frente a frente com o abismo e a dor inevitáveis, ergue corajosamente a luz de consciência da poesia”.
QUEM FOI CARLOS CARRANCA
Carlos Carranca teve uma actividade prolífica no mundo da cultura nacional, tornando-se uma referência como poeta, professor e defensor dos valores da cidadania. Para além dos dezoito títulos de poesia publicados, o seu contributo lírico materializou-se de Norte a Sul do país, em inúmeros espectáculos de canto e poesia para a divulgação da cultura de língua portuguesa.
O seu trabalho como professor/poeta/pensador transformou-o numa referência em vários sectores da sociedade, destacando-se o seu percurso na Escola Profissional de Teatro de Cascais e na Universidade Lusófona.
Foi uma figura cimeira no estudo da cultura de Coimbra e um agente activo da sua renovação, complementando o lado artístico e académico com o envolvimento como cidadão. Nos anos em que lidou com a doença, os diários e crónicas que publicou nas redes sociais tornaram-se emblemáticos, símbolos e provas da derradeira resistência poética e cívica.
Carlos Carranca foi professor do ensino superior, poeta, ensaísta e declamador. Licenciado em História e doutorado em Língua e Cultura Portuguesa pela U.A.L., exerceu docência na Escola Superior de Educação Almeida Garrett, Universidade Lusófona como professor associado convidado e na Escola Profissional de Teatro de Cascais.
Foi presidente da Sociedade da Língua Portuguesa, assessor cultural da Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra em Lisboa, director adjunto do jornal mensal Artes & Artes, assim como sócio fundador do Círculo Cultural Miguel Torga. Foi director do Centro de Estudos da Lusofonia Agostinho da Silva e da Biblioteca da ESE Almeida Garrett.
Foi agraciado no ano de 2001 com a medalha de Mérito Cultural do Município de Cascais, e em 2015 com o prémio Vicente Ferrer – Carreira.
Autor profundamente arreigado à sua terra de adopção, Coimbra, onde viveu e estudou durante a infância e juventude, é reconhecidamente uma das referências do chamado “Fado de Coimbra” como autor e intérprete.
Na opinião de Urbano Tavares Rodrigues, Carlos Carranca é “(….) um D. Quixote que se revela contra a mesquinhez do mundo e cavalga, à procura de si, de um sentido, de um segredo, de um sinal.”
Com vasta obra publicada que se distribui por poesia, ensaio, teatro e outras publicações.
Eis o link para o livro:
https://tinyurl.com/carloscarranca
Aqui divulgamos também um vídeo que assinala o lançamento, com os actores Cláudia Semedo, Tomás Alves e Catarina Guerreiro a dar voz a Carlos Carranca.